sábado, 21 de abril de 2012

2. Quando tudo começou

Há 6 anos comecei a sentir os primeiros problemas: meu corpo parecia cair ligeiramente para um lado, uma ou outra tontura, uma eventual dificuldade para lembrar de alguma coisa. Cansaço, pensava eu, precisava de férias.

Mas aquilo estava incomodando, fui a um neurologista do plano de saúde. Meio que desacreditando de tudo, ele achou que era apenas cansaço, pediu uma ressonância magnética do cérebro - assim mesmo com muita relutância:

- Só vou pedir para você tirar a cisma - disse ele.

Fiz o exame, o resultado seria entregue digamos dia 20. Dia 18, enquanto eu almoçava, ligaram do consultório médico pedindo para adiantar o retorno. O laboratório havia ligado por causa da tal ressonância. Não preciso dizer que nem terminei o almoço!

No consultório alguns dias depois - haja angústia de espera, o médico disse que encontraram excesso de líquido em meu cérebro. Perguntou se eu havia batido a cabeça, caído, brigado com alguém. Nada disso tinha acontecido.

Refletindo um pouco mais, o médico achou que o acúmulo de líquido era antigo, perguntou se eu havia tido alguma doença na infância, tentando achar uma provável causa para o problema. Nenhuma doença!

Ele então aconselhou um acompanhamento, precisávamos ver como seria a evolução deste líquido. Mas ... tinha que ter um "mas"... ele disse que eu teria muitos problemas de humor no futuro, que eu ficaria irritado com facilidade, receitou um calmante. Na hora falei que não gostava muito de remédios, calmantes então estavam totalmente fora de cogitação.

- O que pode acontecer se eu não tomar o calmante? - perguntei.
- Você terá que sublimar a irritação, fazer de conta que ela não existe e ignorá-la, o que não será fácil e nem recomendável! - disse ele.

Optei por não comprar o calmante. Ainda bem, hoje sei que não seria a solução. Ainda bem que ouvi meu coração.

Voltando do médico para casa a pé, o consultório ficava a umas 10 quadras, peguei o celular e liguei para meu pai:

- Você disse que seu parto foi feito com fórceps? - perguntou meu pai.

Eu sabia do fórceps, mas não lembrei durante a consulta. Até liguei no dia seguinte para contar, fiquei com a certeza de que todo o acúmulo de líquido era por causa do parto. Esqueci completamente do médico, do calmante e fui viver a vida!

Depois de três anos, os sintomas continuavam, talvez um pouco mais intensos e preocupantes. Eu tinha que fazer alguma coisa. E fiz, conto no próximo post.

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